Morre o cantor Marciano, ícone da música sertaneja

Morte aos 67 anos
Milionário e Marciano, à direita, cantam grandes sucessos durante o Espetáculo Lendas, em Águas de Lindoia Foto: Divulgação

O universo sertanejo perdeu na madrugada de sexta-feira (18) um de seus maiores ícones: o cantor e compositor José Marciano. Dono de uma voz inconfundível, Marciano foi vítima de infarto enquanto dormia, às 2h, em São Caetano do Sul. De acordo com pessoas ligadas à família, o cantor não apresentava qualquer problema de saúde.

A morte de Marciano foi confirmada oficialmente por sua equipe em nota postada na rede social Instagram. “Perde-se um grande músico, compositor, marido, amigo, que fez história e marcou a música sertaneja brasileira”, diz o texto. O corpo foi velado na Câmara Municipal de São Caetano do Sul e enterrado no Cemitério das Lágrimas, também na cidade do ABC.

A última passagem de Marciano pelo Circuito das Águas Paulista aconteceu em 16 de novembro de 2017, nas comemorações de aniversário de 79 anos de emancipação da estância hidromineral. Naquela noite, ele subiu ao palco ao lado de Milionário para o show do projeto “Lendas”, que correu Brasil.

Conhecido pela parceria de sucesso com João Mineiro, que acabou em 1991 e deixou uma história premiada com discos de ouro e platina e turnê internacional, Marciano passou a cantar sozinho até ser convidado para o trabalho ao lado de Milionário, ex-parceiro de José Rico, que morreu em 2015.

O projeto, criado em 2016, buscou trazer de volta a tradição do circo, onde os dois artistas iniciaram a carreira. Na véspera do show em Águas de Lindoia, Marciano atendeu com gentileza a redação do Rota das Águas, que reedita a entrevista como forma de homenagem ao artista.

 Rota das Águas – José Marciano é sinônimo de êxito. Primeiro, ainda pequeno, cantando com o pai, na igreja, depois com João Mineiro, em carreira solo e sempre compondo canções que marcam gerações como, por exemplo, “Fio de Cabelo”. Garanto que você almejava ser bem-sucedido, mas imaginou, ainda lá em Bauru, que seria tanto?

Marciano – Eu não imaginava, não. Eu morava lá no interior, capinando café com o meu pai, não me passava pela cabeça fazer sucesso na música. Ainda menino, sem saber que rumo tomar, vim para São Paulo e comecei a trabalhar em uma livraria e lá eu conheci o João Mineiro. Foi a mão de Deus que nos guiou. Começamos a dupla, trabalhamos muito e nossos sonhos aconteceram. Hoje sou muito feliz e realizado.

“Lendas” é um projeto de resgate às raízes, quando a música caipira era tocada em circos e disputava o espaço com o artista durante suas apresentações. Essa época lhe traz saudades?

Marciano – Cada um tem mais de 40 anos de histórias e músicas que ainda fazem sucesso, como é o caso de “Ainda Ontem Chorei de Saudade” ou “Estrada da Vida”, por exemplo. O começo no circo não foi fácil, a gente não ganhava muito dinheiro e mal sobrava no final do mês, mas a música sempre foi a minha verdadeira paixão e. sim, sinto saudade de tudo que vivi naquela época e das pessoas que conheci.

Vocês são precursores do sertanejo romântico. São hoje referências para os mais jovens cantores e compositores. De 1970 para cá a sonoridade da música mudou?

Marciano – Muita coisa mudou ao longo desses anos. O sertanejo sempre terá sua raiz no campo, nas áreas rurais, pois é onde ele nasceu. Acredito que atualmente a linguagem mudou um pouco, porém o amor ainda continua um tema unânime dentro do gênero. A música sertaneja está na cultura do País e ficamos honrados em fazer parte dessa história.

 O que esperam do show em Águas?

Marciano – Estamos ansiosos para o nosso show. Será uma apresentação maravilhosa e com grandes sucessos. Toda vez que subimos ao palco, ainda dá aquele frio bom na barriga. É sempre uma emoção! Esperamos todos vocês, todos os nossos fãs em Águas.

 

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