‘Filmes que o Tempo Levou’ revive as aventuras de Tarzan, Jane e Chita

A Companheira de Tarzan é o filme passado a limpo por Nelson Machado Filho Foto: Divulgaçao

A crônica “Filmes que o Tempe Levou” assinada especialmente por Nelson Machado Filho, criador do projeto “Luz & Sombras”, em Amparo, conta a história de Tarzan, Jane e Chita em “A Companheira de Tarzan”.

Por Nelson Machado Filho
Especial para o Rota das Águas

O aventureiro Harry Holt retorna ao coração da selva africana liderando uma expedição à procura de uma fortuna de marfim. Porém, o explorador britânico tem outros planos em mente, quando chega ao continente.

Holt, na verdade, pretende convencer sua antiga namorada, Jane Parker, a voltar com ele para casa. Jane vive feliz na companhia de Tarzan, um homem selvagem criado por macacos e disposto a lutar contra o homem civilizado para continuar com sua amada.

Tarzan teve uma grande influência na infância da minha geração. Ele se tornou um ícone pop instantâneo. As cenas de ação para nós eram fantásticas, trazendo muitos destaques bem construídos.

E em especial no filme “A Companheira de Tarzan” algumas das muitas cenas que me impressionaram inclui Tarzan lutando contra um crocodilo de quatro metros, ele derrotando os nativos inimigos, liderando um ataque de elefantes. Jane também demonstrando a sua coragem e habilidade enquanto enfrentava os perigos da selva, e a sua perspicácia diante do perigo cercada por leões ferozes.

Outra pontuação dos filmes é o reconhecido grito de Tarzan, muito original e insubstituível. Jane também dá seu grito de selva, normalmente como um sinal de socorro, num nível mais operístico.

Enquanto Tarzan salta entre os cipós num estilo acrobático, Jane também dá seus saltos no topo das arvores, acompanhando o herói. E com muitos desses ingredientes e muita ação em ritmo acelerado, nós vibrávamos com eles na tela grande.

Não posso deixar de mencionar que uma das grandes atrações dos filmes de Tarzan era a popular Chita. Quando ela aparecia fazendo suas peripécias, era a alegria da garotada. Chita, cujo nome verdadeiro era Jiggs, nasceu na década de 1930 na selva da Libéria, na África.

“Chita”, na verdade, era um chimpanzé macho, capturado exclusivamente para estrelar o primeiro filme do personagem Tarzan com John Weismuller – “Tarzan, O Homem Macaco”, em 1932. No total, 12 chimpanzés fizeram o papel de Chita ao longo da história.

Chita, o chimpanzé que atuou em todos os filmes de Tarzan com Johny Weismuller e encantou o público. morreu aos 80 anos no dia 28 de dezembro de 2011.

Mas não imaginávamos que nos bastidores, muitos puritanos viam o filme “A Companheira de Tarzan” com outros olhares, tão interessante quanto o próprio filme. Segundo fontes, houve complicações durante a produção. O ex-ídolo do cinema mudo Rod LaRocque foi substituído por Paul Cavanaugh, Jack Conway assumiu o lugar de Cedric Gibbons na cadeira do diretor, tendo que filmar grande parte da obra novamente.

Também foram constatados problemas técnicos e revisões de script. Apesar de tudo, finalmente foi concluído, sendo o clássico que se tornou e encantou a garotada e os fãs de Tarzan.

Outra questão pós-produção, Maureen O’Sullivan encarna uma sexualidade sedutora inigualável nos filmes de hoje. Ela interpretava uma mulher muito sedutora que ao mesmo tempo a tornava simplesmente irresistível como Jane.  E também Johny Weismuller atuava com apenas uma tanga de couro que deixava ver boa parte das nádegas, enquanto Jane permitia ver até ponto crucial onde nascem os seios.

Então, as ligas de moral e o Código de Ética de Produção, cortaram algumas cenas. Entre elas, a irrelevância da vergonha da nudez neste filme com Jane mostrando a sua silhueta em um belo balé de luz, água e pele no rio. Algo considerado pornográfico demais. O erotismo perdeu espaço para a censura. A cena causou controvérsia e foi cortada permanecendo fora das reprises durante décadas.

No ano de 1970, a partir do mês de março, a Rede Globo apresentou, nas tardes de sábado, todos os filmes de Tarzan produzidos até 1967, desde o primeiro com Elmo Lincoln do cinema mudo. E não perdi nenhum. E a propósito, naquele ano mantinha-se o corte.

Mas desde 2004 em versão totalmente restaurada, aquela cena pode ser apreciada em sua plenitude na edição disponível em DVD, ançado pela Classicline.

Durante muito tempo a nudez ousada foi atribuída à própria Maureen  O´Sullivan, porém o que não se sabia é que a atriz foi substituída pela nadadora Josephine MCKim neste momento sensual.

Josephine Eveline McKim nasceu em 4 de janeiro de 1910 e faleceu em 10 de dezembro de 1992, aos 82 anos. Também ficou conhecida por seu nome de casada, Josephine Chalmers. Ela foi uma nadadora americana que conquistou três medalhas nos Jogos Olímpicos de 1928 e 1932. Em 1928, ganhou a medalha de bronze nos de 400 metros livre.

Ela também nadou na primeira bateria do revezamento estilo livre de 4×100 metros, mas foi substituída por Eleanor Garatti na final. Quatro anos depois, , Josephine ganhou a medalha de ouro no revezamento 4×100 metros livre e foi à quarta nos 100 metros livres. Durante sua carreira estabeleceu cinco recordes mundiais em vários eventos.

John Weismuller foi o Tarzan mais consagrado e eternizado do cinema. Sua carreira terminou em 1955, depois da filmagem de 12 filmes como Tarzan e uma série de 16 capítulos como Jim das Selvas. Ele faleceu em 20 de janeiro de 1984, aos 79 anos, depois de vários casamentos fracassados, negócios mal-sucedidos e uma série de derrames cerebrais. Sua sepultura, em Acapulco, no México, traz somente a frase “Johnny Weissmüller, Tarzan”.

Maureen Paula O’Sullivan nasceu em 17 de maio de 1911, em Boyle, County Roscommon, Irlanda. Estudando em colégios da Europa, chegou a ser convidada por Frank Borzage para fazer testes em Hollywood. Sua grande oportunidade viria quando mudou da FOX para os estúdios MGM.

Então, surgiu o papel de Jane, companheira de Tarzan. Com Johnny Weismuller no papel do homem macaco, ela estrelou “Tarzan dos Macacos” (1932), seguido de mais quatro filmes da série. Foi durante as filmagens que ela conheceu seu marido John Farrow.

Na década de 40, ela parou de trabalhar para criar os filhos, filmando esporadicamente. Ela é mãe da também atriz Mia Farrow. Maureen faleceu aos 87 anos, em sua casa no Arizona, de ataque cardíaco, em 28 de junho de 1998.

A Companheira de Tarzan”, baseado no personagem e nas histórias criadas pelo escritor Edgar Rice Burroughs, foi o segundo filme estrelado pelo ator Johnny Weissmuller. Em 2003, o filme foi escolhido para ser preservado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.

Ficha Técnica

Filme – “A Companheira de Tarzan
Direção – Cedric Gibbon, e Jack Conway
Codireção – James C. McKay
Produção – Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Ano – 1934
Elenco – Johnny Weissmuller, Maureen O’Sullivan, Neil Hamilton, Paul Cavanaugh. Nathan Curry
Roteiro
– James Kewin McGuinness e Howard Emmett Rogers, baseado nos personagens criados por Edgar Rice Burroughs
Diretor de efeitos especiais – James Basevi
Fotografia – Charles G. Clarke e Clyde De Vinna
Música – William Axt

 

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