‘Filmes que o Tempo Levou’ destaca o clássico ‘Candelabro Italiano’

Cena do filme Candelabro Italiano detalhado por Nelson Machado Filho Foto: Divulgação

Na coluna “Filmes que o Tempo de Levou”, Nelson Machado Filho, criador do projeto de cinema “Luz & Sombras”, em Amparo, traz detalhes do filme “Candelabro Italiano” e a representatividade da obra em suas lembranças de infância.

Por Nelson Machado Filho
Na estante um exemplar do filme “Candelabro Italiano” no formato DVD, bem guardado, uma joia rara do cinema. O tempo não para e vai à frente e nos mostra uma estrada a percorrer, sempre imutável e sempre indiferente. Mas, ainda podemos sonhar e relembrar.

E assim começo lembrando a minha infância: corria o ano de 1964. No dia 7 de abril, Roberto Carlos estourava no Rádio com “Parei na Contramão” uma das músicas mais tocadas. Na sequência vinham Rita Pavone, com “Datemi Un Martello”, Ronnie Cord impactava com “Rua Augusta” e Demétrius mostrava “O Ritmo da Chuva”.

Os Beatles explodiam nas paradas de sucesso e, em 11 de abril, a banda de Liverpool (Inglaterra) atingiu seu quarto recorde: nada menos do que 14 canções grupo ocupavam o “Hit Parade”. Tinha início a chamada Beatlemania.

Os norte-americanos envolviam-se diretamente na Guerra do Vietnã e bombardeavam pela primeira vez Hanói. No Brasil, Humberto de Alencar Castelo Branco, já promovido à patente de marechal, e José Maria Alkmin, eleitos de forma indireta no Congresso Nacional, ocupavam à Presidência da República.

O noticiário era muito original, muito direto e nada discreto. E eu abria o leque da infância e absorvia o meu passatempo favorito, o cinema. E no domingo, dia 13 de abril de 1964, me dirigi ao Cine Amparo para assistir “O Candelabro Italiano”. Quando lá cheguei, uma fila enorme me esperava.

Na tela “Aventura em Roma“, que no Brasil foi carinhosamente chamado de “Candelabro Italiano”, um dos filmes mais românticos dos anos 60.

Sinopse e comentários
O Candelabro Italiano” traz a história de Prudence Bell (Suzanne Pleshette), uma jovem professora que decide ir embora para Roma, local que ela acredita estar rodeada de pessoas que entendem o significado do amor… Já em Roma, Prudence consegue um emprego em uma pequena livraria e conhece um jovem e atraente estudante americano (Troy Donahue).

O dois se apaixonam e iniciam uma viagem pelas mais belas paisagens do norte da Itália. Até que Prudence descobre existir uma outra mulher na vida de seu novo amor.

Candelabro Italiano” é um filme romântico e maravilhoso que derreteu o coração de toda uma geração. Na tela Suzane Pheshette e Troy Donahue eram um banquete para os olhos dos jovens enamorados.

A obra marcou presença naquele ano. Um filme agradável com uma excelente ilustração dos primeiros anos da década de 60, antes da ruptura que levou o cinema a abdicar da inocência rompendo com a ingenuidade.

No filme, Troy Donahue se apresenta como um jovem apaixonado. Com sua voz calorosa, ele mostra uma ótima maneira de minimizar os aspectos embaraçosos do roteiro e parece totalmente comprometido em suas cenas com o ato de ouvir e falar. Exala uma aura de integridade e pureza.

Nas cenas de amor, Suzanne Pheshette apresenta um encanto e muito carisma, o que não acontece nos filmes românticos da atualidade em meio às cenas de sexo com muito sensacionalismo que vemos hoje.

As atitudes escondidas e não manifestadas em “O Candelabro Italiano” mostram a luta dos enamorados sobre o fim da virgindade com muito encantamento e sensibilidade com seus beijos eternos, intrinsecamente agradáveis.

Mas o que me marcou muito foi ver Troy Donahue e Suzanne Pleshette andando por Roma em uma motoneta, enquanto a câmera percorre todos os pontos históricos da cidade.

Eu aprendi muito sobre Roma, tudo em um filme. A verdadeira estrela de “O Candelabro Italiano” é a Itália. Um bom trabalho de fotografia de Charles Lawton Jr., que soube escolher bem os locais, a hora das filmagens e a consideração da iluminação lindamente realizada para deixar Roma mais pitoresca e romântica.

Outra questão muito interessante é a trilha sonora do filme e em especial a música “Al di La”, cantada por Emilio Pericoli que nos passa um clima muito delicado a trama.

Al di La” tornou-se um grande sucesso entre os dez primeiros nas paradas de sucesso em 1962. A música de Max Steiner, sem dúvida, deu ao filme os toques exuberantes e elegantes, unindo os segmentos da história de maneira mais melódica.

No final dos anos 50, Delmer Daves começou a produzir algumas histórias de amor brilhantes, geralmente extraídas de romances best-sellers de qualidade que se prolongou no início dos anos 60. Ele era um mestre em tirar o máximo proveito de seus elencos, tanto o talentoso quanto o meramente decorativo. Troy Donahue estava no auge como um ídolo das “soirées” neste filme romântico. Ele era um dos principais galãs de Hollywood no início dos anos 60.

Suzanne Pleshette tem uma ótima performance com muita presença em cena. O outro trabalho notável é o de Angie Dickinson, absolutamente deslumbrante a cada passo.

Outra atriz de presença é Constance Ford, um prazer brutal como a dona de uma livraria. Não posso deixar de fora o ator Rossano Brazi, que rouba a cena com a sua presença marcante na tela. Na vida real, Troy Donahue e Suzanne Pleshette se casaram após o término das filmagens.

E na mão magistral de Delmer Daves “O Candelabro Italiano” tornou-se um clássico. E é um colírio para os olhos na segunda década do século XXI, principalmente em tempos de pandemia.

Ele ainda atrai pessoas que como eu que o assistiram pela primeira vez naquele ano de 1964. Faz sucesso até entre os mais jovens por causa dos depoimentos acalorados dos pais ou avós. É um filme eterno.

Ficha Técnica
Filme
– “O Candelabro Italiano
Produção – Warner Bros
Ano – 1962
Direção – Delmer Daves
Elenco – Troy Donahue, Suzanne Pleshette, Rossano Brazzi, Angie Dickinson, Constance Ford, Al Hirt Iphigenie Castiglioni e Chad Everett
Roteiro – Delmer Daves, baseado no romance de Irving Fineman
Música – Max Steiner
Fotografia – Charles Lawton Jr.

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