A poucos dias da première brasileira na quarta-feira (23), durante 45º Festival de Cinema Gramado, o cineasta e diretor do longa-metragem “Sobre Rodas”, Mauro D´Addio, se emociona ao falar da escolha de Monte Alegre do Sul para as filmagens do já consagrado infantojuvenil.
“Quando cheguei a Monte Alegre do Sul, a cidade se abriu, quase como mágica. A luz foi desenhando caminhos e meu instinto definiu que não poderia ser outro lugar! As paisagens rurais, estradas de terra, o Centro Histórico, essa calma interiorana tão preciosa, estava tudo ali. Monte Alegre ganhou ali meu coração”.
D’Addio não esconde a expectativa de como o filme será recebido no País pela crítica e pelo público. Também revelou o sonho de trazê-lo à terra natal. “Queremos muito fazê-lo chegar ao público de Monte Alegre do Sul”.
A verdade é que a produção e o cenário paradisíaco de Monte Alegre do Sul conquistaram corações por onde já passou. “Sobre Rodas” foi vencedor do People’s Choice Award for Favourite Feature on Tiff Kids 2017, em Toronto, Canadá, e foi selecionado nos festivais Stockholm International Film Festival (Suécia) e Cinekid (Holanda).
O longa destinado prioritariamente ao público infantojuvenil retrata a demonstração do poder da amizade, do trabalho em equipe e da força interior.
Estrelado por Cauâ Martins, que interpreta Lucas, e Lara Boldorini, Lais, a produção mostra as aventuras e desventuras da dupla em busca do pai de um dos protagonistas.
Diretor e produtor de “Sobre Rodas”, Mauro D´Addio é bacharel em Estudos da Comunicação, com especialização em Cinema, pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Morador de São Paulo tem pelo Circuito das Águas Paulista um carinho especial.
“Como moro em São Paulo, geralmente gosto mais de ambientes rurais e natureza, por isso os arredores de Monte Alegre do Sul e Serra Negra são tão impactantes para mim”, diz D’Addio, que gentilmente atendeu o Rota das Águas
Rota das Águas – “Sobre Rodas” foi selecionado em diversos festivais como Stockholm International Film Festival (Suécia) e Cinekid (Holanda). Participou da seleção do Toronto International Film Festival, onde recebeu o People’s Choice Award for Favourite Feature on Tiff Kids 2017. A première brasileira será na Mostra Infanto-juvenil do 45ª Festival de Gramado, qual a expectativa ao trazer o filme para o Brasil?
Mauro D´Addio – Trazer “Sobre Rodas” para as telas brasileiras, sobretudo após um início de jornada tão belo em festivais internacionais, como o Festival de Toronto, um dos mais importantes do mundo e onde recebemos o reconhecimento tão gratificante do público local com o prêmio principal, se torna mais do que um desejo. É extremamente importante que este filme circule por aqui e chegue ao público brasileiro. O convite do Festival de Gramado foi acolhido com alegria e certamente é uma boa forma para o filme voltar ao seu País de origem e conquistar espaço e visibilidade.
O longa-metragem aborda temas como cadeirante e o abandono. Como foi filmar assuntos tão delicados em um cenário dinâmico e com pré-adolescentes?
Mauro D´Addio – Já trabalho no universo infantojuvenil há alguns anos, muitas vezes encontro um conceito, que considero bastante equivocado, onde entende-se que a infância não deve lidar com questões mais densas, o que gera muitas vezes conteúdos superficiais e estereotipados. Buscamos outro tipo de abordagem, bastante alinhada com valores contemporâneos de quem trabalha com infância pelo mundo, onde entende-se a criança com um ser único e complexo. Cada um tem um repertório de vida e lida com questões íntimas, por vezes muito difíceis. Daí a universalidade de um filme que traz este olhar, busca mostrar a criança e seu protagonismo, sua capacidade de elaborar suas experiências para se construir como indivíduo e trabalhar a resiliência, frente às adversidades, como caminho para atingir sua potência. Mas, para além deste olhar teórico, o filme traz uma história de amizade, afeto, aventura e superação, aí está sua universalidade e capacidade de encantamento. Na prática avaliamos mais de 250 crianças para montar o elenco principal e foi uma delícia trabalhar com os selecionados, absolutamente dedicados, apaixonados pelo projeto. A vantagem de se trabalhar com crianças e jovens é essa, são muito intensos e, se acreditam no que fazem, tem uma entrega linda, verdadeira e que transborda na tela.
O filme foi todo rodado em Monte Alegre do Sul? Por que a escolha da cidade?
Mauro D´Addio – Durante os meses de preparação e pré-produção fizemos um intenso mapeamento de cidades do interior paulista. Pesquisamos dezenas de localidades, sempre procurando um lugar que tivesse beleza, história, enfim, as qualidades estéticas que a trama pedia, mas isso precisaria estar aliado a viabilidade para a produção do projeto. Monte Alegre do Sul reunia estas qualidades.
Você já conhecia Monte Alegre do Sul?
Mauro D´Addio – Não, eu não a conhecia. Foi exatamente ao final desta etapa de pesquisa que cheguei à cidade. Foi curioso que tínhamos visto muitas cidades e já estávamos quase fechando outro lugar, pois o prazo estava apertado, mas eu estava insatisfeito. Recebi a dica de Monte Alegre do Sul aos “45 do segundo tempo”. Então, decidi ver com meus próprios olhos, pois boa parte desta pesquisa foi feita por um produtor de locações e eu só ia nas finalistas, após uma seleção por fotos. Me lembro, que cheguei a Monte Alegre em um final de tarde, gostei muito, mas vi pouco e já tínhamos uma negociação avançada com a prefeitura de outro local. Decidi voltar na semana seguinte e aí a cidade se abriu, quase como mágica, a luz foi desenhando caminhos e meu instinto definiu que não poderia ser outro lugar! As paisagens rurais, estradas de terra, o Centro Histórico, essa calma interiorana tão preciosa, estava tudo ali. Monte Alegre ganhou ali meu coração.
O que conhece do Circuito das Águas Paulista?
Mauro D´Addio – Conheço pouco na verdade, quando era bem pequeno fiz o Circuito das Águas com minha família, mas me lembro de pouca coisa.
O que se lembra exatamente?
Mauro D´Addio – Tenho sim algumas memórias afetivas de Serra Negra, cidade que minha mãe adorava e fomos várias vezes na minha infância. Recentemente visitei, além de Monte Alegre do Sul, Serra Negra e Amparo. Como moro em São Paulo, geralmente gosto mais de ambientes rurais e natureza, por isso os arredores de Monte Alegre do Sul e Serra Negra são tão impactantes para mim, muita coisa preservada, paisagens lindas, povo simpático e acolhedor, gastronomia tradicional, tudo que faz valer uma viagem!