A paixão pela música e a dedicação aos estudos fazem de Jean William um destaque na música erudita e um exemplo a ser seguido. De origem humilde, nascido em Barrinha, cidade da região de Ribeirão Preto, no Interior de São Paulo, e criado pelos avós, o tenor teria a probabilidade de ver seu talento perdido ou esquecido. Mas a determinação o fez um vencedor.
Hoje, a criança que começou a cantar com o avô, conquistou o mundo. Cursou música erudita na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, fala fluente quatro idiomas, tem disco gravado, apresentou-se nos Estados Unidos, na Itália, e para o Papa Francisco e tem um teatro com seu nome na cidade natal (Barrinha).
Aos trinta anos, Jean William quer mais “Acho que uma das características de um artista nos tempos modernos é justamente essa, a capacidade de circular em vários ambientes para que objetivos diferentes sejam alcançados. Tenho certeza, que alguns desses sonhos, nos próximos trinta anos, eu vou ter condições de realizar, se Deus quiser”, diz.
Jean William, que visita Lindoia no domingo (10) para um dos oncertos mais esperados no Circuito das Águas Paulista e que fecha a Festa de Nossa Senhora das Brotas, padroeira da estância, falou com o Rota das Águas sobre a vida e a carreira.
Rota das Águas – Seu avô o despertou para a música e o canto. Como se deu a transição de cantar no coro da igreja a se encantar pelo canto lírico?
Jean William – Bom, eu sempre cantei em casa e foi mesmo meu avô que me despertou para a música. E, a partir daí, o canto lírico aconteceu. Eu tinha uma banda de rock e ganhei uma bolsa para estudar canto. Eu tinha uma professora que era de canto lírico e, brincando, eu disse para ela que eu sabia imitar o Pavarotti. Ela pediu uma demonstração e viu que era real, que existia uma voz potente por trás daquele garoto. O canto lírico na minha vida começou a partir dessa experiência.
O canto lírico e a música clássica são elitistas, mas existem grandes apresentações a preços acessíveis. Há um “pré-conceito” que afasta o grande público de concertos e espetáculos eruditos?
Jean William — Eu acredito que essa ideia de que a música clássica ainda é elitista sempre foi uma justificativa, e realmente ela não convence mais. Uma cidade grande como São Paulo, por exemplo, já tem muitos projetos que aproximam diversos públicos. Projetos em locais populares onde o público entra gratuitamente, ou onde se paga ingresso a preços populares. Vocês mesmos da mídia, cada vez mais dão visibilidade para artistas clássicos. A música está aí e ela está sendo democratizada sim.
Como é o Projeto América em que você interpreta grandes clássicos do jazz? Há uma diferença de público dos espetáculos eruditos?
Jean William — Eu acho que não existe diferença de público. O Tonight é um espetáculo onde a música, digamos assim, erudita, não deixa de fazer parte. Afinal de contas as composições dos espetáculos da Broadway e de alguns temas do jazz não perdem absolutamente nada na qualidade e na complexidade no sentido de composição. E o público é aquele que se interessa pela música, pela arte, pelo entretenimento. Enfim, pela cultura. Não tenho dúvidas que é um espetáculo que não segrega público. Pelo contrário, ele inclui.
A sua história de vida é marcante. Desde a infância em Barrinha já gravou disco, se apresentou nos Estados Unidos e para o Papa, fala vários idiomas, tem um projeto de jazz e é um tenor consagrado. Tudo com pouco mais de trinta anos. Existe ainda um objetivo que não foi alcançado?
Jean William — Bom, aos 30 anos diria que existem muitos sonhos que ainda não foram realizados. Mas tantos que já foram que eu só tenho a agradecer. Os últimos anos foram muito generosos em todos os sentidos para mim. Tenho vários projetos profissionais que precisam de apoio e se eu encontrar as pessoas certas para compartilhar esses objetivos comigo, certamente vou conseguir alcançá-los cada um ao seu tempo. Acho que uma das características de um artista nos tempos modernos é justamente essa capacidade de circular em vários ambientes para que objetivos diferentes sejam alcançados. Tenho certeza, que alguns desses sonhos, nos próximos trinta anos, eu vou ter condições de realizar, se Deus quiser.
Como é se apresentar em uma cidade, de menos de oito mil habitantes, onde muitos nunca tiveram a oportunidade de assistir a um espetáculo com um tenor?
Jean William — Considero a experiência de me apresentar em uma cidade pequena sempre muito gratificante, porque eu venho de uma cidade pequena, hoje com vinte e oito mil habitantes. Digo gratificante porque o que acontece é uma reunião da comunidade, que vai à praça se sentar e ouvir música. Acho que esse é o deleite do artista. É justamente fazer música para quem quer ouvir a música.
Qual a sua expectativa para a apresentação?
Jean William — Minha expectativa é muito boa, tendo em vista que eu recebi uma mensagem muito carinhosa do vice-prefeito, o Pedrinho Tortelli, já me dando boas-vindas. Então, eu tenho certeza que Lindoia vai ser uma deliciosa experiência, além, claro, de todo o aparato, toda a estrutura turística que a cidade tem, que certamente vai nos encantar. Será uma troca de encantamento.