Entrevista: Roupa Nova traz 40 anos de história a Amparo

Quando a noite de domingo (28) chegar, a Praça Pádua Salles, no Centro de Amparo, vai reverberar o som de canções que fazem parte da trilha sonora de gerações. São músicas que abrem a chance para resgatar na memória algumas lembranças que, com certeza, marcaram a vida de muita gente. Afinal, quem não tem uma boa história para contar ao ouvir as composições do vasto repertório da banda Roupa Nova, consagrada nos anos 80 e 90 e rotulada como uma das melhores do País dentro dos gêneros soft rock e popular.

O grupo carioca vem a Amparo como destaque cultural da 7ª edição do “Movimento Você e a Paz”, evento idealizado por Divaldo Pereira Franco. Depois de um dia muita atividade na cidade do Circuito das Águas Paulista, o show fecha a programação, por volta das 20h. A entrada é gratuita.

Muito antes do sucesso Roupa Nova acontecer, os integrantes já se conheciam nos palcos. No início da década 70, surgiu a banda Os Famks, formada pelo tecladista Cleberson Horsth, o baixista Nando, o guitarrista Kiko e o cantor Paulinho. Em 1975, o tecladista e guitarrista Ricardo Feghali e o baterista Serginho Herval se juntaram ao grupo, que na época ganhou um novo nome: Os Motokas.

O atual e consagrado rebatismo veio em 1980 por sugestão do produtor Mariozinho Rocha, que se inspirou na música homônima de Milton Nascimento, “Roupa Nova“. O grupo ganhou projeção, fama e nunca mais saiu do coração de uma verdadeira legião de fãs. Perto dos 40 anos de estrada, Roupa Nova coleciona números expressivos. São mais de 20 milhões de cópias vendidas e 37 discos lançados até os dias de hoje. A banda ainda é considerada recordista em músicas escolhidas como temas de novelas. Já passam de 35.

Ao circular pelas ruas, percebe-se que Roupa Nova é significado de respeito para o público, mesmo que o gosto musical seja totalmente oposto. É difícil encontrar alguém, independente da idade, que não consiga lembrar de ao menos um verso de músicas como “Whisky a Go-Go“, “Dona“, “Volta pra Mim“, “Anjo“, “Seguindo no Trem Azul“, “A Viagem“, “Linda Demais“, “Coração Pirata“, entre muitas outras.

A poucas horas do início do show em Amparo, o Rota das Águas falou com Cleberson Horsth, um multi-instrumentista de 69 anos, que além de ser o titular dos teclados no grupo, ainda toca piano, órgão, violão, acordeon e, também, canta. Horsth falou sobre o atual momento e o futuro da Família Roupa Nova, que desde sua formação mantém os mesmos integrantes, algo muito raro no universo da música.

Rota das Águas – Vocês percorreram uma longa jornada desde a década de 70, mesmo antes do grupo se chamar Roupa Nova. Ao contrario de muitas bandas, continuam juntos, na estrada e com grande sucesso. O senhor pode nos contar o que está por vir?

Cleberson Horsth (tecladista do Roupa Nova) – É verdade. No próximo ano, 2020, comemoraremos 40 anos, isso só como Roupa Nova, que surgiu em meados de 80.  É uma data importante para a carreira de todos nós e para a história do grupo. Com certeza vamos ter algo especial para celebrar, mas ainda não sei bem o quê.

Com tantos sucessos, quais são as músicas obrigatórias em todo show? Qual é a mais pedida?
Cleberson Horsth – Nossa, difícil dizer já que o repertório é bem extenso. São muitas músicas. Mas posso garantir que “Dona“, “A Viagem“, “Coração Pirata“, “Linda Demais”… Ah, estas estão sempre no repertório e são insistentemente pedidas pelo público por onde passamos

Há algo no show de vocês que não mudou desde o início?
Cleberson Horsth – Acho que só os integrantes…rss. A cada show ou à cada turnê, sempre tem algo diferente

Roupa Nova é sinônimo de inspiração no meio musical, mas quem inspira grupo?
Cleberson Horsth – Temos vários, mas Beatles é um gosto em comum de todos os componentes da banda. Posso dizer por mim que gosto muito também de Toto, Carpenters e Sivuca…

Vocês fizeram parte de muitas trilhas de novela, qual a música que fez mais sucesso?
Cleberson Horsth – Foram mais de 35 músicas e dizem que somos recordistas, uma grande honra por sinal. Não dá para apenas citar uma. Todas foram sucesso, graças a Deus.

Roupa Nova lançou o projeto “As Novas do Roupa” com inéditas divulgadas ao longo dos meses nas plataformas digitais e clipes. Poderia nos dizer mais sobre o projeto?
Cleberson Horsth – Na verdade “As Novas do Roupa” é um projeto com 10 canções inéditas, voltadas para o universo digital. Já estão no YouTube os clipes de “Luzes de Emergência“, “Seja Bem Vindo” e “Destino o Casualidad“. Outra novidade é que em breve teremos o clipe com Luan Santana, que também participa do projeto.

O Roupa Nova tem muitos anos de carreira. Qual seria a dica para quem está no início da jornada?
Cleberson Horsth – Acho que tem vários fatores que são obrigatórios para se obter não só na carreira, como na vida. Mas dedicação e amor pelo que faz são fundamentais.

Vocês têm a mesma formação desde quando começaram. Qual o segredo do “casamento” tão feliz e próspero?
Cleberson Horsth – Acho que, principalmente, o respeito que temos um pelo outro.

O que o público pode esperar para o show?
Cleberson Horsth – Será mais um grande show, com certeza. Podem esperar um repertório com os principais sucessos e as inéditas, também. Não vai faltar animação e fica a dica para um cenário 3D, que está lindo demais. Espero por todos lá.

Por
Karina Mazzonetto
Especial para o Rota das Águas
Coordenação:  Ivan Lopes